Corrimento

Toda mulher, uma vez ou outra, nota uma secreção “suspeita” na hora de trocar o absorvente ou abaixar a roupa íntima.

Se esse for o seu caso, pode ficar tranquila! Afinal, o corrimento vaginal é considerado comum e, na maioria das vezes, não indica nada grave no organismo¹.

Porém, quando acompanhado de outros sintomas, como cheiro forte e cores específicas, o quadro pode indicar uma infecção que precisa ser tratada o quanto antes¹.

Visando esclarecer todas as suas dúvidas sobre esse tema, criamos este guia sobre tipos de corrimento vaginal.

Continue a leitura para entender o que cada uma das cores e texturas significam e como tratar o corrimento - quando isso for necessário.

Tipos de corrimento: quais são e o que cada cor significa?

Conhecer o próprio corpo e como ele se comporta nunca é demais, né? Nesse sentido, entender as cores do corrimento vaginal faz parte do processo de autoconhecimento e é fundamental para a promoção do autocuidado.

Sendo assim, descubra nas próximas linhas quais são os tipos de corrimento e como tratá-los.

1 - Transparente

Quando a mulher está no período fértil, é comum que haja um aumento na produção de fluidos transparentes no canal vaginal. Essa é uma reação fisiológica que visa facilitar o “transporte” do espermatozoide até o óvulo para a fecundação¹.

Esse tipo de secreção transparente - com textura e cor que se assemelha à clara de ovo - está atrelado a variações hormonais e não é motivo para você se preocupar¹.

2 - Branco

O corrimento vaginal branco pode anteceder ou suceder a menstruação. No entanto, ele pode indicar um quadro de candidíase vaginal, que um tipo de infecção causada pelo fungo Candida albicans².

A secreção branca também pode ser um sintoma de inflamação do colo do útero - colpite³.

Para todos os casos, o tratamento costuma ser feito com o uso de antifúngicos via oral ou com aplicação tópica³.

3 - Cinza

Quando a secreção apresenta coloração acinzentada, é sinal de que você pode estar com uma doença infecciosa chamada vaginose bacteriana4.

Dentre as principais causas do corrimento cinza, destaca-se o desequilíbrio da microbiota vaginal – em que cresce a concentração da bactéria Gardnerella vaginalis4.

O cheiro desse corrimento é parecido com o de peixe podre. Outros sintomas que costumam acompanhar a secreção cinza e espessa são a coceira e a ardência no órgão genital4.

O tratamento costuma ser feito com a aplicação de pomadas no canal vaginal4.

4 - Amarelo

A secreção branca que já citamos aqui pode apresentar um tom amarelado quando entra em contato com o oxigênio e “seca” na calcinha. Nesse caso, a secreção amarela também pode ser sinal de candidíase5.

Porém, há a possibilidade de a secreção vaginal amarela ser um sintoma de  tricomoníase, que é uma infecção sexualmente transmissível (IST) cujo agente infeccioso é o protozoário Trichomonas vaginalis5.

Outras doenças que também podem causar esse tipo são: a clamídia (Chlamydia trachomatis) e a gonorreia (Neisseria gonorrhoeae)5.

O tratamento consiste no uso de antibióticos e a prevenção você já sabe, né? Camisinha!5

Veja também: Exames de IST: o que são e como posso fazer?

5 - Verde

Outro tipo de cor que deve acender o seu alerta é a esverdeada. Assim como a secreção amarela, a verde também pode indicar um quadro de tricomoníase. Geralmente, esse muco vem acompanhado de coceira, ardência ao urinar e cheiro muito forte6.

Outra doença que pode causar secreção verde pelo canal vaginal é a vulvovaginite. Basicamente, trata-se de uma inflamação da vulva e da vagina6.

O mais comum é que os médicos prescrevam antibióticos para tratar esse tipo de corrimento6.

6 - Rosa

Pronta para ser mamãe? O corrimento rosado é um dos sinais de gravidez. A secreção dessa cor ocorre alguns dias depois que o óvulo foi fecundado, bem no início da gestação. Além disso, pode ser que você sinta desconforto na região do abdômen7.

Caso identifique esse tipo de fluido, procure uma unidade básica de saúde para confirmar se você está mesmo grávida e, se positivo, possa dar início o quanto antes ao acompanhamento pré-natal7.

Outro fator que pode estar associado à cor é a alteração hormonal causada pelo uso de anticoncepcional. Contanto que essa secreção não ocorra com frequência, não há razões para se preocupar7.

7 - Marrom

O corrimento marrom pode ser um simples sangramento de escape, que ocorre entre uma menstruação e outra. Essa coloração também é comum no fim do ciclo menstrual, que é quando o sangue já oxidou demais e ficou mais escuro8.

O tom amarronzado pode ser um indício de nidação. Ou seja, o óvulo foi fecundado e se fixou na parede uterina. Portanto, menstruação atrasada e a secreção amarronzada podem indicar gravidez8.

Fonte: Só Delas

Que tipo de corrimento é normal?

O corrimento transparente é considerado normal. Ele é responsável por lubrificar o canal vaginal. Sua produção tende a ficar mais intensa quando a mulher se encontra no período fértil. A intenção disso é criar um ambiente favorável para que o espermatozoide chegue mais facilmente até o óvulo para fecundá-lo - caso, é claro, a mulher tenha tido uma relação sexual desprotegida nesse período¹.

Como identificar o tipo de corrimento?

A principal forma de identificar o tipo de corrimento vaginal é pela coloração. Dependendo da cor da secreção, ela pode ser interpretada como algum tipo de infecção fúngica, bacteriana ou por protozoário. É importante ficar atenta também à textura e ao cheiro - além de outros sintomas, como coceira, ardência, vermelhidão e até mesmo febre¹.

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Conheça o autor

1. Maioli LC, Torrens MCT, Michelon J. Corrimento vaginal. Acta méd (Porto Alegre) [Internet]. 2005 [cited 2023 Apr 13];631–40. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-422634. Acesso em: 13 abr. 2023.

2. Diniz-Neto H, Silva SL, Cordeiro LV, Silva DF, Oliveira RF, Athayde-Filho PF, et al. Antifungal activity of 2-chloro-N-phenylacetamide: a new molecule with fungicidal and antibiofilm activity against fluconazole-resistant Candida spp. Braz j biol [Internet]. 2024 [cited 2023 Apr 13];e255080–0. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1364503. Acesso em: 13 abr. 2023.

3. Infarma - Ciências Farmacêuticas [Internet]. revistas.cff.org.br. [cited 2023 Apr 13]. Disponível em: https://revistas.cff.org.br/?journal=infarma&page=article&op=view&path%5B%5D=369&path%5B%5D=0. Acesso em: 13 abr. 2023.

4. Martins BCT, Camargo KC de, Lima JP, Ramos JEP, Souza CL de, Santos SHR dos, et al. Bacterial vaginosis, cervical Human Papillomavirus infection and cervical cytological abnormalities in adult women in Central Brazil: a cross-sectional study. DST j bras doenças sex transm [Internet]. 2022 [cited 2023 Apr 13];1–7. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1400940. Acesso em: 13 abr. 2023.

5. Carvalho NS de, Eleutério Júnior J, Travassos AG, Santana LB, Miranda AE. Protocolo Brasileiro para Infecções Sexualmente Transmissíveis 2020: infecções que causam corrimento vaginal. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 2021;30(spe1). Disponível em: https://www.scielo.br/j/ress/a/X9WkLLZRBbcW3mFwbRYBHXD/. Acesso em: 13 abr. 2023.

6. Oliveira DL de, Schmidt JC. Espécies de Candida causadoras de vulvovaginites e resistência aos antifúngicos utilizados no tratamento. Saude e pesquisa (Impr) [Internet]. 2021 [cited 2023 Apr 13];e8022–2. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1367919. Acesso em: 13 abr. 2023.

7. Simöes JA, Giraldo PC. Corrimento vaginal durante a gravidez. DST j bras doenças sex transm [Internet]. 1998 [cited 2023 Apr 13];20–30. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-248885. Acesso em: 13 abr. 2023.

8. DASHARANTHY, Sonya, et. al.. Menstrual Bleeding Patterns Among Regularly Menstruating Women. American Journal of Epidemiology. Vol.175. 6.ed; 536-545, 2012. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3299419/. Acesso em: 13 abr. 2023.

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